Entrevista na íntegra 3

28/04/2014, entrevista ainda não publicada na mídia.

01) Você conhece o g0y desde 2011, certo? O que te levou a se interessar por ele?

Sim, precisamente, desde maio de 2011*. Encontrei essa informação no registro de minhas atividades no Facebook, em uma publicação realizada em um dos grupos g0ys dos EUA, na época não havia o “Espaço g0ys e afins”, principal grupo virtual do Brasil.

Quanto ao que me incentivou, foram os meus interesses por mim mesmo, pelo que eu sinto e pelo que me faz bem e satisfaz que conseqüentemente me levou ao encontro da filosofia g0y. Buscando na internet sobre amizades masculinas e intimidades físicas sem penetração, algum dia eu me depararia com a filosofia e me identificaria com ela.

Então, o me levou a conhecer a filosofia g0y foi primeiramente o respeito por mim mesmo e pelas minhas próprias particularidades e a vontade de saber se existiam mais pessoas que agissem e pensassem como eu.

(*Checando melhor o histórico do Facebook, a data real foi 30 de janeiro de 2011.)

02) Você sentia necessidade de uma denominação nova para o modo como você se vê e se sente, sexualmente?

Eu não tinha necessidade de uma denominação nova, eu tinha necessidade de encontrar pessoas que se sentissem como eu me sinto.

Entretanto, como as denominações aceitas pela sociedade tendem a generalizar um perfil específico de pessoa, enquadrava na mesma categoria pessoas que não se identificavam com o comportamento e sentimento daquela denominação.

Por exemplo: se você gosta de abraços e afetos com outros homens, então você é gay no mínimo bi. E se você é gay ou bi, então você gosta também de fazer isto, isso, aquilo e aqueloutra coisa. E se você gosta dessas coisas, então você deve agir desta forma, pensar deste jeito, sair para aqueles lugares etc.

A denominação g0y diz: eu faço isto, eu penso isso, eu busco aquilo, eu sinto prazer com tais coisas, mas eu não sou o que vocês acreditam que eu seja só porque aquelas pessoas que praticam (da maneira delas) o mesmo dizem isso abertamente e propagam como se fossem as únicas a sentir interesse e prazer nisso.

Não é porque eu pratico alguns pontos parecidos a certas pessoas que eu deva ser considerado igual a elas. Se elas primam pela diversidade, então não entrem em contradição e não incomode quem é diferente.

03) E o que te levou a se tornar um “ativista” da causa g0y? (dá para falar isso? Você é ativista? G0y é “causa”?)

Não sou ativista, ativismo remete à militância e militância está associada a lutas pelas causas sociais, por reconhecimentos civis, por direitos que sejam garantidos por lei e acatados pela sociedade.

O Movimento g0y não é um movimento que vai às ruas, não é um grupo de pessoas que buscam visibilidade nem prestígios sociais, não são homens que visam leis que garantam seus bem-estar e integridade física. Os g0ys são contemplados com todos os direitos e deveres.

Mas, reconhecemos e parabenizamos todos os movimentos sociais que procuraram melhorar a vida de pessoas que antes não eram contempladas como indivíduos singulares e batalharam por seguridade social e estabilidade econômica.

04) Você é solteiro? Tem relacionamento com outros homens? Se sim, como esses homens se identificam (São g0ys também? Homossexuais? Homens?)

Sim, no momento não estou comprometido.

Claro, muitos cobradores dos ônibus que eu pego são homens e me relaciono com eles. Eu só não me relacionaria com homens se eu vivesse na lendária ilha de Lesbos, ou vivesse enclausurado em um monastério feminino.

Agora, se você pergunta se tenho envolvimentos físicos íntimos e intensos com outros homens, a resposta é sim. Mas, só isso não me identificaria como g0y nem tais práticas fazem parte do que uma parcela de homens busca, encontra e se identifica na filosofia g0y.

 Todos os homens g0ys nutrem carinho e afeto e demonstram isso através do contato físico e palavras, através do não verbalizado e mesmo à distancia. Os homens g0ys se respeitam e querem bem em pé de igualdade, homens que encontraram harmonia na pluralidade de sentimentos, desejos e atrações. A AMIZADE verdadeira é o elo fundamental na filosofia, assim como a INTEGRIDADE.

Os homens com os quais eu me envolvo na privacidade podem ter qualquer orientação sexual: heterossexuais, bissexuais ou homossexuais. Isto é, podem ser g0ys ou não. Entretanto, o perfil desses homens com os quais eu me relaciono é masculino, educado, respeitador e de bem. Que compreende a minha particularidade e preferências assim como eu compreendo as particularidades e preferências deles. Mas não significa que compreender é se sujeitar às mesmíssimas práticas sexuais deles (sexo anal), entretanto, eles se sentem muito confortáveis nas práticas sexuais de alguns g0ys (masturbação, frottage, felação) tanto que chamam isso de “preliminares”.

Para os g0ys não existem as “preliminares” que irão levar à algo ainda inconcluso. Para os g0ys, as “preliminares” dos bissexuais e homossexuais normativos já é o TODO, está completo e não carece de nada além do supracitado no que se refere às práticas e estímulos sexuais.

Em outras palavras, as práticas sexuais não penetrativas para os bi/homossexuais são consideradas “preliminates” e somente haveria uma completude no sexo anal. Para os g0ys, tudo estaria completo e em equilíbrio nas “preliminares”. Somente os hétero-g0ys que consumam o ato sexual com as mulheres, na cópula pênis-vagina.

Eu me posso relacionar com todos os homens masculinos, amistosos e que eu me sinta atraído para isso desde que eles respeitem que eu não pratico sexo anal.

05) E você se considera hétero, bissexual ou homossexual?

Homoafetivo. Visto que culturalmente para ser considerado homossexual necessariamente é preciso preencher todos os quesitos das práticas sexuais. E se não pratica sexo anal, é considerado pelos “etceterassexuais” (hétero, bi e homossexuais) um “frígido”, “mal resolvido”, “medroso”... E eu não sou nada disso, tenho minha libido igual a de todos os homens em idade para se envolver sexualmente; sou muito bem resolvido para NÃO querer praticar sexo anal e eu tenho muita coragem para dizer “Eu não quero fazer isso, não insista!” na hora o cara está querendo ser penetrado ou me penetrar. Eu não vou me agredir, não vou me violentar e não vou me maltratar para satisfazer seja quem for e para o que for.

06) Você acredita que o nome “g0y” dá conta dessas três denominações acima?

O nome g0y não apreende todas as práticas sexuais e particularidades comportamentais que essas denominações supracitadas compreendem. G0y se encontra fora da plenitude desses três padrões.

07) Aliás, g0y é um movimento? Uma preferência sexual? Como você definiria essa denominação?

Certo dia escutei uma música no rádio de Mv Bill que dizia assim “Não sou o movimento negro / Sou o preto em movimento”. E vejo que o Movimento g0y não é um mero movimento em busca de reconhecimento, em busca de igualdade, em busca de direitos civis, como foi dito.

O Movimento g0y representa o HOMEM EM MOVIMENTO sem manifestações, sem Paradas de Orgulho, sem brigas, sem confrontos.

Trata-se de uma convergência de sentimentos, de desejos, de particularidades de anseios, é o homem que vê a si mesmo com sinceridade e com honestidade e que está indo ao encontro de outro homem.
Cada homem deixa de ser uma ilha isolada e se vê em um imensurável arquipélago, ele agora constrói pontes para aos outros “homens-ilhas”. O Movimento g0y representa essa ponte.

G0y é o respeitar a si mesmo e ao outro, manter-se íntegro dentro de seus princípios e preferências. Abraçar os semelhantes e deixar os diferentes viverem felizes as suas diferenças.

08) Se eu compreendi corretamente, g0ys são homens sentem afeto por outros homens, mas sexo com penetração só fazem com mulheres, certo? Qual o motivo dessa “regra”?

Não existe “regra” mesmo que você escreva palavra entre aspas eufêmicas.

Tampouco existe estatuto para um homem SER g0y, um g0y simplesmente é assim sem seguir nenhuma cartilha.

O que você pode expor são as características em comum que existem entre os homens que vieram a adotar para si o nome g0y.

Essas características, essas particularidades vêm de dentro de cada homem e não são exteriores a ele, não são impostas como um regulamento a ser seguido.

As características são simplesmente reconhecidas entre esses homens e mantidas como princípios que os definem como um grupo coeso e harmônico com variações de intensidade quanto à intimidade física e afetiva, algumas preferências e questões inerentes à personalidade.

Ser g0y não é algo imposto por regras nem estatuto, é algo vivido e expressado entre nós como elos que nos conectam e que nos impele a buscar e descobrir outras afinidades e inclusive estreitar laços de amizade com homens de nossa convivência há muitos anos; criam-se amizades que fazem surgir um grupo plural dentro da igualdade.

Depois de isto elucidado, nós só praticamos sexo penetrativo com mulheres porque somente as mulheres são ideais e desejáveis para a relação sexual penetrativa pênis-vagina.

Também compreendemos que biologicamente falando o ânus não é um órgão destinado e próprio para ser penetrado, sua principal função é excretar o bolo fecal produzido dentro do intestino grosso. E o ânus ao ser penetrado corre sérios riscos de apresentar micro-fissuras que e lesões que sangram contaminando a corrente sanguínea com bactérias fecais, assim como o coito anal pode prejudicar o funcionamento do reto (hemorroidas) levando a prisões de ventre que, em casos extremos, com o tempo o bolo fecal resseca dentro do intestino sendo necessária uma operação emergencial.

Não somos penetrados devido ao risco à saúde e desconforto, nós não penetrados no ânus porque pensamos na saúde e bem estar do outro assim como não vemos a menor necessidade disso. Se quisermos penetrar alguém, a mulher é a nossa única e exclusiva prioridade. Mulher é indiscutivelmente ideal, bela e singular para esse momento tão especial.

10) E uma dúvida que pode ser boba: por que g0y só vale para homens e não para mulheres?

G0y é um nome simbólico que se refere ao não ato do sexo anal entre homens. Uma mulher (nascida mulher) não tem um órgão sexual próprio para penetrar outra mulher seja na vagina ou no ânus.

Se você se refere, mas mulheres também são carinhosas, dormem na mesma cama, se abraçam, tomam banho juntas e trocam de roupa uma na frente da outra, elas dizem “Eu te amo” para outra mulher, elas também elogiam se uma mulher está bonita e falam sem medo “Aquela minha amiga, tem um corpão toda no lugar...”. As mulheres são naturalmente MULHERES e sua natureza é essa, não precisa ser denominadas “g0y” para dizer quem elas são e como agem

Mas o homem carinhoso com outro homem, não é reconhecido como homem pela sociedade. Ele é visto como gay e deve fazer tudo o que um gay faz, e melhor ainda se ele se comportar como um gay efeminado que assim será facilmente identificado para virar o melhor amigo das mulheres e facilmente rejeitado por alguns homens.

Mas os g0ys não querem ser uma imitação grotesca e exagerada das amizades femininas, eles querem ser amigos dentro da masculinidade. E não discriminamos os gays efeminados, eles podem ser amigos desde que nos respeitem como nós os respeitamos.

Por isso uma mulher não é g0y, g0y é uma definição própria do gênero masculino e particular a um grupo de homens.

11) Você comentou que usa um perfil de interação porque sofreu represálias. Elas foram do movimento gay? O que aconteceu?

As represálias partem de pessoas ignorantes, de pessoas preconceituosas, de pessoas que se sentem ameaçadas pela nosso jeito de ser, de pessoas não admitem que nós não compartilhamos dos mesmos interesses delas e nem por isso nós a criticamos enquanto pessoas livres e dotadas de direitos para serem felizes como quiserem contanto que não se façam mal nem façam mal aos outros. Essas represálias vieram de pessoas que se encontram em quase todas as organizações civis ou religiosas e comunidades da sociedade. Não vem ao caso dizer quem são, elas mesmas se acusaram e se mostram na mídia e em comentários de páginas virtuais e impressas.

Estão nas ruas e nas redes virtuais e não sentem nenhum receio de estarem cometendo infração ao
Artigo XII da Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz: “Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar...”, e por não acatarem o Artigo XVIII da mesma que expressa: “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência...”.

A Liberdade de Opinião delas é ilegal, inconstitucional e desprovida de defesa e argumentos plausíveis quando infringem o Código Penal Brasileiro no que se refere aos Crimes contra a Honra no quesito injúria. Por honra, vamos nos ater à definição de Victor Eduardo Gonçalves: “é o conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais de uma pessoa, que a tornam merecedora de apreço no convívio social e que promovem a sua autoestima”, isto é, a um g0y não pode lhe ser atribuído adjetivos e conceitos que distorcem a imagem de sua realidade perante a sociedade fazendo que seja prejudicado e discriminado sejam por heterossexuais ou homossexuais.

Felizmente, há pessoas lúcidas que conseguiram compreender e não nos atacam, mas defendem o direito inalienável do ser humano pensar, agir e ser dentro de sua particularidade e com aqueles com quem tem afinidade.

Para que essas agressões verbais não sejam agressões físicas a mim e à minha família e amigos, uso um perfil de interação. Sendo que o que o meu perfil de interação é destinado à divulgação da filosofia g0y não como um modo de “catequizar” ou “fazer propaganda”, mas com o único intuito de esclarecer as dúvidas e receios dos homens que estão começando a perceber que são g0ys de fato, desmistificar e desmentir o que várias pessoas têm dito a respeito.

Se a pessoa é gay e se considera gay, então ela é gay e pronto, ninguém deve interferir nisso. Mas por que o mal estar quando um homem se compreende g0y?

12) Li em alguns blogs que vários ativistas do movimento LGBT consideram os g0ys machistas e homofóbicos. O que você teria a dizer sobre isso?

Que esses militantes ou ativistas carecem de profundidade de conhecimento e análise para fazerem tais alegações tão veementes. Mas, errar é humano e passível de perdão. Mas perdoar não é aceitar tais alegações. Como diz o ditado, “Quem cala, consente”.

Você leu no decorrer de todas essas perguntas algum traço de homofobia ou machismo? Entretanto, vemos que algumas pessoas tomam certa atitude g0yfóbia independente de serem desse ou daquele Movimento.

Entretanto, felicito as/os homossexuais mulheres (lésbicas) e homens (gays), bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e assexuais que têm valor e honradez, inteligência e competência para cuidarem de suas vidas e lutarem pelos seus direitos civil, direitos de todo o ser humano de bem.

Com essas pessoas, sim, eu quero amizade e me sinto bem com elas.

Apenas gostaria que elas compreendessem que o Movimento g0y é um grupo independente do e não relacionado ao Movimento LGBT, mas isso não significa que, como seres humanos, apoiemos as discriminações e atentados, às mortes e preconceitos, às barbaridades e violência que esses seres humanos passam no dia a dia.

Podemos não estar visíveis na sociedade, mas não quer dizer que não estejamos nela também lutando em prol de melhorias o bem-estar social para todos.

Se um gay for agredido, um g0y o defenderá da agressão.

13) Nas páginas sobre g0ys (heterog0yg0ys.org) há a menção à religião e à antiguidade grega e romana. Os g0ys têm alguma orientação religiosa?

O Movimento g0y como um todo é um grupo eclético e LAICO, dentro do Movimento existem pessoas de várias crenças e religiosidades: católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas, esotéricos, ateus, agnósticos e outros convivem em harmonia sem atacar a fé do outro.

Aquela menção à religiosidade cristã é apenas para apaziguar os receios e temores de cristãos católicos e evangélicos que foram doutrinados de que o afeto e amor entre homens seria algo pecaminoso e uma afronta à lei natural. A primeira e pior afronta à lei natural é impedir das pessoas amarem umas às outras.

E a menção à antiguidade greco-romana serve apenas para ilustrar que nossa maneira de ser não é nenhuma novidade, não será por amarmos e nos querermos bem como homens que o mundo acabará. Se fosse, já teria acabado há milênios. E somente a palavra é nova, mas a filosofia é atemporal e consta em todas as sociedades, como por exemplo, entre os ameríndios da América Central e entre os asiáticos do Extremo-Oriente.

14) Para você, qual a importância das denominações de preferências sexuais (gay, lésbica, g0y, transgênero...)? Isso é importante? Por quê?

Se elas não tivessem tanta relevância, o Movimento LGBTTTIA não manteria essa sigla condensada em LGBT. Eles viram a relevância, alguém perguntou a eles porque não se chamaram apenas de FREE?

A importância dessas denominações é para deixar claro nossas identidades e pertencimento a um grupo identitário específico com suas características e preferências. Porque as lésbicas não são chamadas de gay também se são homossexuais? Porque um travesti não é chamado de transexual se a única diferença seria o de não ter se submetido à mudança de sexo? Por que um intersexual ou transgênero não é compreendido como, digamos, “andrógino”?

Um brasileiro gostaria de ser reconhecido como brasileiro devido a toda a particularidade que os habitantes do Brasil (independente da região) possuem. Se formos chamá-lo apenas de sul-americano, de americano ou ocidental, ele se perde nesse genérico. Não se enxerga nem se identifica.

O Movimento LGBT está correto em manter sua sigla por respeito à diversidade e pluralidade dele.

O Movimento g0y, por sua vez, não tem os mesmos objetivos nem experimentou a mesma realidade do LGBT, também por isso g0ys não pertencem ao LGBT.

15) E você acha positivo que outros g0ys apareçam e declarem suas preferências? Ou isso é algo íntimo, que não merece exposição? Como você vê essa questão de declarar ou não as preferências sexuais?

A positividade e negatividade em se dizer g0y não está no fato de ser g0y, o real problema é como a outra pessoa agirá e, compreensivelmente na maioria dos casos, é negativamente.

Mas g0y é algo particular, não carece ser divulgado, ostentado, não é um privilégio nem um dom, não é uma dádiva... Mas é uma QUALIDADE. E nossas qualidades devem ser vistas e percebidas e não precisam ser ditas, verbalizadas.

O Movimento g0y não se expôs, o Movimento g0y é que tem sido exposto. Foi exposto pela mídia contrária e a favor, exposta por estudiosos e analíticos comportamentais, exposto por psicólogos e ativistas, exposto por religiosos e ateus, foi exposto por todos que quiseram falar.

O Movimento g0y pediu alguma coisa? Não.

Mas o Movimento g0y, agora que está sendo visto, precisa de espaço para ser ouvido e esclarecido, não para os preconceituosos que já tem opiniões formadas, mas precisa ser ouvido de fontes seguras e verídicas por aqueles que sentem o que o Movimento g0y é, por aqueles que estavam se sentindo isolados e um peixe fora d’água.

Não podem amordaçar o Movimento g0y que busca dizer a esses homens “Eu entendo, não tem nada de errado com você, seja você mesmo e se sinta bem que ninguém aqui vai te obrigar a coisa alguma nem faltar com respeito ao seu foro íntimo.”

Se os g0ys nascessem  com três olhos ou dois narizes, precisaríamos dizer ao mundo as razões pelas quais nascemos assim. Os g0ys são tão comuns e não se prejudicam nem querem mal aos outros que, para quê dizer que se é g0y? É como nascer no planeta Terra e dizer “Pessoal, eu quero assumir que sou terráqueo!”

O Movimento g0y existe para os g0ys, apenas a eles interessa a sua existência.

16) Foi você que desenhou a bandeira, certo? Por que você resolveu criar uma bandeira?

Sim, eu que idealizei e criei a bandeira identitária g0y. Criei a bandeira porque quis expressar artisticamente, em forma de uma flâmula, tudo o que eu buscava (e encontrei) entre os homens: profundidade/intensidade (azul escuro), guerreiro, perseverança e determinação (azul índigo) paz e amizade em uma fraternidade masculina (branco) e o respeito à integridade masculina, do corpo e do espírito (azul turquesa). Essa bandeira foi criada por um g0y antes de saber que também era g0y, e foi adotada pelo Movimento g0y em muitos países da América, na Europa e na África do Sul. A bandeira, cumpre o seu papel e seu significado nas desbota das cores azul-e-branco.


17) E, por fim, como você gostaria que eu te identificasse na matéria? ( O que tenho é Joseph Campestri, 30 anos, paraense e vive em Brasília. É isso mesmo? E qual sua profissão ou atividade? Tem algum site ou página que você mantém que gostaria que eu citasse?)

Identifique-me como Joseph Campestri, como aprendemos com Shakespeare em Romeu e Julieta: “Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume.” E se compreenda que, para mim e para outros homens, a Bandeira g0y tem a mesma função que a máscara do personagem V de Vendetta: o que interessa é a filosofia e não se somos negros ou claros, altos ou baixos, magros, fortes ou gordos, se temos barba ou se somos carecas... O que é relevante é sermos nós mesmos no coração, nossas intenções são mais fortes e duradouras que qualquer aparência física.

Eu admiro os g0ys que estão com seus perfis reais, eu mesmo entraria com meu perfil real e me identificaria se isso fosse tão relevante assim e se eu não corresse os riscos que são reais como podem ver nas redes sociais. Os outros g0ys correm perigo? Alguns infelizmente sim, e para isso temos de contar com a justiça e com os nossos direitos. Mas os g0ys que estão a frente, esses sim são os alvos prediletos das chacotas. E nos expormos só desviará nossas energias para nos defendermos em ver de ajudarmos a quem precisa de explicações.


Minha naturalidade, idade, ocupação são reais e os lugares onde me localizo são verdadeiros. Apenas quero preservar a minha família e aos meus amigos e viver minha vida em paz.

Agradeço a quem entender e respeitar isso.


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